Materiais empregados na redação da Bíblia
- Rafael M. Elias
- Nov 26, 2022
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Updated: Nov 27, 2022
Papiro O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados no oriente, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta ainda existe no Sudão, na Galiléia superior e no vale de Sharom. Seu uso na escrita vem de 3.000 a.C. A impossibilidade de recuperar muitos dos antigos manuscritos (um manuscrito é, neste sentido, uma cópia à mão das Escrituras) se deve basicamente aos materiais perecíveis empregados na escrita da Bíblia. Dentre os antigos materiais de escrita, o mais comum era o papiro, feito da planta do mesmo nome. Esse junco crescia nos rios e lagos de pouca profundidade, existentes no Egito e na Síria. Grandes carregamentos de papiros eram despachados através do porto sírio de Byblos. Supõe-se que a palavra grega para livro (biblos) tenha origem no nome desse porto. A palavra portuguesa "papel" vem da palavra grega papyros, isto é, papiro. A História da Bíblia de Cambridge relata como se preparava o papiro para a escrita: “Retiravam.se as películas que envolvem o caule. Essas películas eram cortadas no sentido longitudinal em fitas estreitas, sendo então socadas e prensadas em várias camadas, sendo que cada camada era disposta perpendicularmente em relação à camada de baixo. Quando seca, a superfície esbranquiçada era polida com uma pedra ou outro objeto. Plínio menciona diversos tipos de papiros que foram achados, de diferentes espessuras e superfícies, produzidos antes do período do Novo Império, quando as folhas eram freqüentemente bem delgadas e translúcidas". O mais antigo fragmento de papiro de que se tem notícia é de 2400 antes de Cristo. Os mais antigos manuscritos foram escritos em papiro, e era difícil a preservação de qualquer um desses papiros, exceto em regiões secas, como as áreas desérticas do Egito, ou em cavernas semelhantes às de Qumran, onde foram achados os rolos do mar Morto. O uso do papiro era bem comum até por volta do século terceiro depois de Cristo.

Pergaminho pergaminho é de pele de animais geralmente cabra ou carneiro e seu uso é mais recente; vem dos primórdios da era cristã. É um material gráfico superior ao papiro. Essa palavra designa "peles preparadas de ovelhas, cabras, antílopes e outros animais". Essas peles eram "tosadas e raspadas" a fim de se obter um material mais durável para a escrita. F.F. Bruce escreve que a palavra "pergaminho” tem origem no nome da cidade de Pérgamo, na Ásia Menor, pois a produção desse material para escrita esteve, numa certa época, especialmente associada ao local". Velino Era o nome dado à pele de filhotes de diversos animais. Freqüentemente o velino era atingido de púrpura. Alguns dos manuscritos que temos hoje em dia são velino cor de púrpura. Geralmente os caracteres escritos sobre o velino purpúreo eram prateados ou dourados. Os mais antigos rolos de peles de animais são de aproximadamente 1500 antes de Cristo. Outros materiais para escrita: Óstraco - Fragmento de cerâmica não esmaltada, bastante usado entre o povo em geral. Esses fragmentos têm sido encontrados em abundância no Egito e na Palestina (Jó 2.8). Tabletes de argila Inscritos com um instrumento pontiagudo e, então, secados a fim de se ter um registro definitivo (Jeremias 17.13; Ezequiel 4.1). Eram os mais baratos e um dos mais duráveis materiais para escrita. Tabletes de cera Um estilete de metal era usado para escrever num pedaço plano de madeira recoberto com cera.

Instrumentos para escrita
Cinzel Um instrumento de ferro para entalhar as pedras. Estilete de metal "Usava.se o estüeto, um instumento triangular com uma cabeça plana, para fazer marcas nos tabletes de argila e de cera". Pena Era feita de "juncos (juncos maritimis) com 15 a 40 centímetros de comprimento, sendo que uma das extremidades era cortada de modo a produzir o formato de cinzel achatado, a fim de que se pudesse fazer traços grossos ou finos com as beiradas largas ou estreitas. A pena de junco esteve em uso na Mesopotâmia desde o início do primeiro milênio (a.C), sendo que é bem possível que tenha sido adotada em outros lugares, enquanto que a idéia de uma pena de ave parece ter vindo dos gregos, no século três a.C. (Jeremias 8.8). A pena era usada para escrever em velino, pergaminho e papiro. A tinta geralmente era uma mistura de "carvão, cola e água".

As formas dos livros antigos
Rolos Eram folhas de papiro coladas uma ao lado da outra, formando longas tiras, e, então, enroladas num bastão. O tamanho do rolo era limitado por causa da dificuldade de seu uso. Geralmente se escrevia só de um lado. Um rolo escrito dos dois lados tem o nome de "opistógrafo" (Apocalipse 5.1). Conhecem-se alguns rolos com 43 metros de comprimento, mas em geral, os rolos tinham entre seis e dez metros. Não é de surpreender que Calímaco, pessoa cuja função consistia em catalogar os livros da biblioteca de Alexandria, tenha dito que "um livro grande é um grande transtorno". Forma de códice ou livro A fim de tornar a leitura mais fácil e menos desajeitada, as folhas de papiro foram montadas em forma de livro, sendo escritas em ambos os lados. Greenlee afirma que o cristianismo foi o principal motivo para o desenvolvimento de formato do códice, ou volume manuscrito antigo. Os escritores clássicos escreveram em rolos de papiro até aproximadamente o século três depois de Cristo.

Tipos de escrita
Escrita uncial
Letras maiúsculas deliberadas e cuidadosamente desenhadas, própias para livros. Os códices Vaticano e Sinaítico são manuscritos unciais.
Minúscula Carolina "Uma escrita de letras menores, cursivas, criadas com vistas à produção de livros". A mudança de unciais para minúsculas teve início no século nove. Os manuscritos gregos eram escritos sem quaisquer espaços entre as palavras. (Até 900 AD. o hebraico era escrito sem vogais, quando os massoretas introduziram a vocalização.) Bruce Metzger responde o seguinte àqueles que falam da dificuldade de um texto contínuo: "Não se deve, todavia, pensar que essas ambigüidades ocorram com muita freqüência no grego. Nessa língua a regra é que, com bem poucas exceções, as palavras vernáculas só podem terminar em vogai (ou em ditongo) ou em uma dentre três consoantes: (ni, rô e sigma). Além do mais, não se supõe que a escrita contínua apresentasse dificuldades excepcionais na hora da leitura, pois, na antigüidade, aparentemente era costume ler em voz alta, mesmo quando se estivesse sozinho. Assim, apesar da inexistência de espaço entre as palavras, ao pronunciar, sílaba por sílaba, o que estava lendo, a pessoa logo se acostumava a ler o texto em escrita contínua".

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